terça-feira, 24 de agosto de 2010

APERTE O PLAY e escute em outra janela enquanto lê

Sua mão segura na maçaneta. Abre. Entrou.
A sede dirige-se direto à muitos copos d’água.
A ferida segura-se na pilastra de madeira bonita e respira fundo pra deixar aquela musica entrar.
Ela sabe cantar a letra e se emociona porque a cantava com sua mãe quando pequena.
Esquece de prestar atenção na letra que já conhece.
O medo faz parar na imagem do passado e ficar guardada ali quentinha.
A infância, a mãe, a musica.

Ele.
Ele entra voando no quarto de criança junto com a voz de John Lennon.
Só então ela se dá conta de que entenede o que ele canta e é bonito.
Fica confusa: identifica-se com a letra ou identifica-o com ela?
Não importa.
O que importa é a intensidade da força dessa imagem.
A água continua correr pela garganta, a mão ainda segura na pilastra, o quarto e a musica.
E ela e ele brincam tão felizes.

Ué mas naquela época ele não estava lá.
Mas ele chegou depois e de tão intenso até lá foi amar com ela. Os dois.
Um abraço e um vôo. Tudo juntos.

O relógio despertou a hora certa.
A outra porta se abriu. Vamos começar.
O pé pisa sala a dentro.
Ela se senta no sofá.
A água escorre quente a fora.
E ela piscou mais um dia e apesar de ter medo tem coragem de falar em voz alta que acredita que eles ainda vão sorrir de mãos dadas.

Replay? É tudo forte demais para ouvir o mesmo não diferente.

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