domingo, 25 de maio de 2008

imanência



na semana anterior tinha escrito sobre o machucadinho no calcanhar que havia sarado, mas mesmo assim não ficava curada. deixou então o corpo ganhar seu sentido e, de propósito, sentiu-se oca de pensamentos. graças a deus. antes disso delirou pesadelos, acordou da realidade e chorou eternamente. anestesia prolonga o fim da ferida, e deixou entorpecentes de lado. conseguiu então manter-se levitando nos sentidos e tudo o que era dentro ficava leve. enfrentara as horas de abstinência e mergulhou num caldo denso onde o corpo nem afunda nem transborda, plaina no meio termo de tudo. agora, finalmente com o corpo oco, ganhou movimento e foi lentamente flutuando no líquido então mais leve e transparente, até chegar a superfície onde vai boiar e sonhar até a manhã seguinte.




para clarinha

5 comentários:

gduvivier disse...

belas imagens!
aliás você se viu na capa do segundo caderno? A Daniela Thomas está a sua cara (só que acabada, é claro).

Luisa Coser disse...

vamos abrir os livros, todos, em todas as páginas.... trazer todo esse corpo à tona. estarei por aqui.
bj Lu

MACAU, Olhos Coloridos disse...

Lindo!!!!O texto parece uma introdução de um romance...A foto tem tudo a ver com o texto...

meu nome é meu disse...

machucadinho.
nomezinho.
machucadinho é a vida.
nomezinho é o olho.

Paula Braun disse...

"delirou pesadelos, acordou da realidade e chorou eternamente."

Lindo isso! Menina adorei! Mas não consegui ler os outros posts...

Beijo grande!